NÃO HAVIA LUGAR NA HOSPEDARIA DE BELÉM
- Antônio Isaías Ribeiro
- 24 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Há grande simplicidade na maneira como Deus realiza os seus planos. O Messias esteve antecipada e longamente anunciado. A Escritura Antiga está pontilhada de sua presença. E quando o tempo se fez pleno, instante em que tudo na Natureza está ordinariamente em sossego, é alta noite, silêncio absoluto! O silêncio transmite paz; o silêncio instala o clima de oração, forma o ambiente natural para que a palavra de Deus desça sobre os homens. E a Escritura Antiga lembra: “Quando um profundo silêncio tudo envolvia e a noite chegava a meio do seu curso, do alto do céu, a vossa palavra onipotente, deixando o vosso real trono, lançou-se...” Sab 18, 14-15. Eis o momento fundamental da realização profética:
“... um povo que andava nas trevas viu uma grande luz...”.
E os homens, aqui embaixo com sua irreverência, suas “novidades”, tantas vezes interrompem esse silêncio, fechando-se aos céus e abrindo-se aos apelos do mundo!
O costume dos judeus, a tradição, a cultura do povo, a dominação estrangeira, tangeram José e Maria, de Nazaré, para ir recensearem-se em Belém. Maria achava-se já na aproximação do parto, mas o sacrifício da viagem se impunha – José era descendente de Davi! E lá se foram a lombo de jumento sob o sol, o calor e a poeira dos caminhos. Entraram em Belém. Era grande o movimento de gente, algazarra, a procura, o cansaço, sede e fome. Mais caminhada, mais procura, mais cansaço e nada: “ ... não havia lugar para eles na hospedaria ...”. Para Maria que carregava no ventre o Filho do Altíssimo, “...a luz que resplandeceu nas trevas ...”, as portas estavam fechadas!
E os homens do lado de dentro, atrás delas, encostados na fortaleza de seus egoísmos, da indiferença, da avareza, do consumismo, das vaidades!
“E enquanto eles ali se encontravam, completou-se para ela o tempo da gestação, e deu à luz o seu filho primogênito, que envolveu em faixas e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria”. Luc 2. 6-7. Com estas palavras o Evangelista sintetiza o abismo de um mistério: o da Encarnação de Jesus. Lucas propõe à fé dos seus contemporâneos e dos homens que viriam séculos afora, uma verdade a crer: o próprio Deus se fez homem e entrou na historia dos homens; e o Filho do Altíssimo, o Onipotente, o Rei da Glória, ali está indefeso, frágil, na realidade de um recém nascido.
Lembro, então, que por causa daquele menino que nasceu na pobreza da manjedoura de Belém, todos somos obrigados a nos ver como simples irmãos. E o que confirma essa fraternidade é a nossa atitude de todo dia, buscando a imitação do Cristo, na relação com o próximo – nosso irmão.
FELIZ NATAL!
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