UMA FESTA HISTÓRICA
- Antônio Isaías Ribeiro
- 9 de jan. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de jan. de 2020
UMA FESTA HISTÓRICA
O Compromisso de São Benedito, da Irmandade do santo em Cairu, é de 1777. É manifestação cultural nascida no interior das comunidades primitivas de colonos e escravos, cuidando de preservar a memória e a fé, mas também instituindo formas de solidariedade comunitária frente à pobreza, à doença e à morte. Há pelo menos 242 anos, portanto, os irmãos e devotos fazem o longo ciclo de festas, levantando a Bandeira, cantando e dançando emocionados com Reinado, Congos e Cheganças, filarmônica, barquinha, dandoca e outras manifestações da variedade de cultura popular.
2 .Antes, passado o Ano Novo, os devotos começavam a chegar. Chegavam de canoas e pequenos saveiros muita gente das ilhas e das beiradas de Barroquinha, São Francisco e Itiúca; famílias de Nilo e de Taperoá; gente de Camurugi e Jordão; de Graciosa e de Rio do Engenho; muitos de Cajaíba, poucos de Valença. O santo trazia toda essa gente devota, carregada de fé que se vê emocionada na coroação do novo rei e na descida da Bandeira que desde oito de dezembro esteve levantada num mastro, no alto do Convento. A hospedagem era em casas de parentes, amigos e compadres e comadres. Só voltavam para casa, quando saía moqueca de ovos para o almoço, me disse uma vez meu padrinho Heitor, músico e mestre de cultura de saudosa memória!
3. A festa do próximo fim de semana em Cairu, Festa de Reis e São Benedito vem da pregação evangélica e da tradição judaico-cristã; é herança de nossos antepassados. Em todo tempo, guardadas as dimensões de cada geração, tem sido festa grande, mobilizando as ilhas e a vizinhança. No tempo atual tende a ser um produto turístico, capaz de gerar benefícios para a cidade e as pessoas. Mas desde que ganhe organização profissional, cuidados contra a desfiguração que já avança e se faça requalificação urbana, ao menos do núcleo histórico, cujo processo de degradação física se acentua e faz a Rua Direita ainda mais desabitada.. 4. E nada como o que está acontecendo agora, quando a oportunidade da festa vem sendo usada como partida de campanhas eleitorais. Propositadamente, por autoridades, políticos e seus agentes. Inocente ou servilmente, por formadores de opinião e seguidores desavisados.
Será que não estamos diante de um desserviço aos valores da festa?
5. Por isso, lembra-se: para o bem e para o mal, estão aí as redes sociais. Se bem usadas, informam, transmitem conhecimento, instruem moderação e tolerância, previnem desastres. Inclusive eleitorais! Se mal usadas, agridem, acirram intolerância, provocam conflitos, como já temos visto. Então, é saber usar. Elas são como uma tribuna para o povo!
Da Rua Direita, Dez'2017
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